Paulina Chiziane e Nataniel Ngomane reflectem sobre Moçambique e moçambicanidades
O Moza Banco lançou, na última quinta-feira, 22 de Fevereiro, as sessões de conversa denominadas “Pensar Moçambique”, nas quais o Banco convida ideólogos e pensadores de várias esferas do conhecimento para que dêem o seu contributo no processo de valorização, rebusca e apropriação da identidade individual e colectiva da nação, enquanto moçambicanos.
Trata-se de sessões que vão decorrer nas três regiões do país, tendo o seu pontapé de saída tido lugar na sede do Moza, em Maputo, com a participação da renomada escritora Prémio Camões Paulina Chiziane e dos professores doutores Severino Nguenha e Nataniel Ngomane, na qualidade de oradores.
Dentre vários tópicos abordados, entre vivências e valências, Paulina Chiziane convidou aos presentes a valorizarem-se cada vez mais, focando nas suas origens e nos factores que os tornam únicos e diferentes.
“Não tenham vergonha de si mesmos. Antes de copiar o que o outro faz, conheça-te. A Paulina já recebeu vários rótulos. Algumas instituições religiosas já fizeram até orações em meu nome, mas eu sei quem sou: Uma mulher autêntica que se afirma como tal. Hoje, sou uma das mulheres mais influentes do Mundo simplesmente porque sou autêntica”, asseverou a escritora que se propôs a discutir “A utopia das independências africanas”.
Por seu turno, o Presidente do Fundo Bibliográfico e também orador no encontro, Nataniel Ngomane, direccionou as suas atenções na discussão sobre o sentido de entrega e sacrifício para o bem colectivo, trazendo como exemplo o “Primeiro Grupo de Estudantes moçambicanos em Cuba”, os quais foram convidados a regressar a casa na sequência do processo de descolonização e transição governativa em Moçambique.
“Tínhamos todos um propósito: queríamos contribuir para a construção da pátria. Muitos abandonaram os seus sonhos individuais para regressar ao país e arregaçar as mangas, colocando em prática o conhecimento até então adquirido, ao serviço da nação”, frisou Ngomane que reflectia sobre a necessidade de se ter um propósito que seja transversal a todos os moçambicanos.
Para o Presidente do Conselho de Administração do Moza, João Figueiredo, estas sessões irão contribuir significativamente para enaltecer e celebrar a riqueza cultural, intelectual e identitária de Moçambique.
“À medida que o mundo se torna cada vez mais homogéneo, corremos o risco de perder aquilo que nos torna únicos, que são as nossas tradições seculares, os nossos costumes enraizados, os nossos valores ancestrais. Mas enquanto Moza, o Banco que carrega a marca do Orgulho Moçambicano, erguemo-nos de forma destemida porque não queremos ser meros receptores de informação. Queremos reafirmar Moçambique enquanto país com cultura e valores sociais colectivos cintilantes”, sublinhou Figueiredo.
Sob o mote “Pensar Moçambique” o Moza Banco levará sessões de conversa e reflexão sobre a Construção e Reconstrução de Moçambique e Moçambicanidades nas três regiões do país, fazendo com que distintos pensadores contribuam com as suas ideias para o reforço da cultura, do patriotismo e do sentido de nação que já é colocado em causa pelas dinâmicas do mundo, sobretudo pela hiper-exposição às redes sociais e realidades virtuais distintas.
Assim, o Moza posiciona-se como um banco cuja preocupação vai além dos números. Um Banco que se pretende afirmar enquanto catalisador para um renascimento cultural que inspire os moçambicanos a abraçarem, com orgulho, os seus valores e a transmiti-los às gerações vindouras.
28/02/2024